População de idosos cresce 80% em dez anos



Em dez anos, a população brasiliense com mais de 60 anos aumentou  80%. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2010 o número de pessoas desta faixa etária subiu de 109 mil para 197 mil, tornando o Distrito Federal a unidade da Federação com a maior expectativa de vida do País, junto com Santa Catarina – chegando à média de 75,8 anos.

Ainda assim, há um longo caminho a percorrer para garantir uma qualidade de vida melhor a essa parte da população que aumenta cada vez mais. Segundo o geógrafo urbano e pesquisador associado à Universidade de Brasília (UnB) Aldo Paviani,  a capital federal não tem  estrutura para receber as pessoas da terceira idade.

Alguns dos principais problemas apontados pelo especialista incluem a dificuldade de locomoção em Brasília, sem rampas e com calçadas depredadas; transporte público precário; falta de banheiros em espaços públicos; e dificuldade de acesso à assistência emergencial.
“O DF está preparado para o seu crescimento populacional, sobretudo com os idosos, que têm dificuldade de se deslocar na cidade, frequentar hospital etc. Todas as coisas cotidianas que as pessoas fazem são mais difíceis para eles”,apontou Paviani.
Além dos problemas de infra-estrutura, o DF não possui geriatras suficiente para atender a demanda crescente da população. A coordenadora do Núcleo  de Saúde do Idoso (Nusi), Helenice Gonçalves, afirma que atualmente há apenas 11 geriatras no DF. “Falta no País inteiro, que conta com cerca de 800 geriatras. E não tem médicos especializados porque os idosos têm muitas especificidades”, afirma Gonçalves. “Por isso, o Ministério da Saúde está trabalhando para capacitar profissionais de Ensino Superior a atendê-los, dando cursos nas Secretarias de Saúde do País”, completou.
A coordenadora conta que programas e ações preventivas implementadas pelo Nusi nos centros de referência do DF, como a Escola de Avós, além da distribuição de vacinas gratuitas contra a influenza ou gripe; são medidas iniciais para garantir uma qualidade de vida melhor ao idoso no DF. Até o momento, são 15 programas de atenção  à saúde do idoso em todas as regionais de saúde, cinco centros de referência e oito ambulatórios de geriatria. “Não adianta viver mais sem ter uma qualidade de vida. Por isso, nossos programas visam proporcionar um envelhecimento mais saudável”, comentou Gonçalves.

SURPRESA
Na avaliação do secretário do Idoso, Ricardo Quirino, o crescimento populacional, não apenas no DF como no País inteiro, surpreendeu a tal ponto que não deu condições de o Governo criar mecanismo que dessem suporte à terceira idade. “Ainda estamos um pouco atrasados para cumprir algumas previsões no próprio Estatuto do Idoso. Temos uma população muito desrespeitada e que não conhece seus direitos”, declarou Quirino. O secretário do Idoso ressaltou que a criação da pasta, em pouco mais de oito meses, tem o objetivo de organizar todas as ações necessárias para atender às pessoas da terceira idade, coordenando programas com as secretarias de Desenvolvimento Social e Educação. “Resumindo: tentar unificar todos esses trabalhos, que antes estavam muito pulverizados”, explicou. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no período de 1950 a 2025, a projeção é que o grupo de idosos aumente em 15 vezes, enquanto a população total cresça somente cinco.   
Para a professora da UnB Marisete Peralta Safons, que é coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Atividades Físicas para Idosos (Gepafi), o fato de o Distrito Federal ter a maior expectativa de vida do País revela os avanços nos tratamentos médicos e do atendimento ao longo dos anos. “Hoje em dia temos acesso a muito mais recursos. Apesar das condições da saúde pública do DF, ainda assim é uma das melhores do País, tanto que o número de pessoas vindas das regiões administrativas à capital é muito grande”, comentou a coordenadora. Além disso, o acesso maior à informação e aos cuidados com o corpo se tornou mais fácil na última década. Por isso, evitar futuras complicações se tornou mais comum. “As pessoas sabem sobre a importância da saúde física e querem trabalhar isso. A partir do momento que possuem um espaço, seja academia ou parque – o que em Brasília tem muito –, as pessoas fazem de forma espontânea”, disse Marisete Safons.

EXERCÍCIOS FÍSICOS
Apesar de ter começado há dois anos, o aposentado José Lins, de 92 anos, sempre reserva um espaço na agenda para frequentar a academia. A rotina é, pelo menos, três vezes na semana. “Acho que o exercício é importante para manutenção do equilíbrio do corpo. Achei que valia a pena, pelo menos para arejar mais as pernas”, brincou. Já a aposentada Marilda Porto, de 72 anos, pratica exercícios há mais tempo. Se reúne três vezes por semana com as colegas da mesma idade para se exercitarem na academia. Apelidadas de Divas Dance, as senhoras pretendem garantir uma qualidade de vida melhor durante os anos que virão. “Queremos envelhecer com mais saúde. Já fazemos alimentação mais consciente e sentimos a melhora. Quem faz, gosta, e não quer mais parar.


Fonte: Jornal de Brasília
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